Máquinas emitem avisos contra quem se envolve em comportamentos sociais indesejáveis; elas foram testadas durante três semanas em setembro.
Karam Asad
Fonte: g1.com.br
Em: 09/09/2021
Singapura ganha robôs policiais para reforçar a segurança. Fumou em área proibida? Estacionou a bicicleta indevidamente? Violou as regras de distanciamento social implementadas por causa da pandemia de coronavírus?
Se você mora em
Singapura, no sudeste asiático, você pode estar sendo observado por um robô-patrulha que emite aviso contra
quem se envolve em "comportamentos sociais indesejáveis".
Máquinas emitem avisos contra quem se envolve em 'comportamentos sociais indesejáveis g1.com.br |
Trata-se da mais recente arma incorporada ao arsenal de tecnologia de vigilância da cidade-estado, onde a população é rigidamente controlada. Um exemplo famoso em todo o mundo é a restrição às gomas de mascar. Quem for flagrado jogando chiclete na rua ou carregando grandes quantidades do produto pode ser multado em até mil dólares (cerca de R$ 5,5 mil). Os robôs-patrulha, por enquanto, estão sendo apenas testados, mas já alimentam preocupações com a privacidade.
Singapura se tornou um exemplo mundial de vigilância,
com várias ferramentas para rastrear seus habitantes, de câmeras de segurança a
postes de luz equipados com tecnologia de reconhecimento facial.
O teste foi feito durante três semanas no mês passado. Os robôs, apelidados de 'Xavier', foram enviados para patrulhar um conjunto habitacional e um shopping center.
Robô foi colocado em centro com movimentação intensa de pedestres g1.com.br |
As máquinas são dotadas de sete câmeras e alertam a população quando detectam "comportamentos sociais indesejáveis". Isso inclui fumar em áreas proibidas, estacionar bicicletas indevidamente e violar as regras de distanciamento social. Durante uma patrulha recente, um dos robôs entrou em um conjunto habitacional e parou em frente a um grupo de moradores idosos assistindo a uma partida de xadrez.
"Por favor, mantenha uma distância de um metro, por favor, mantenha cinco pessoas por grupo", alertou uma voz robótica, enquanto uma câmera em cima da máquina apontava seu olhar para eles.
Liberdades
individuais
As autoridades de Singapura defendem uma visão de
"nação inteligente" hiper eficiente e voltada para a tecnologia, mas
ativistas dizem que a privacidade está sendo sacrificada e as pessoas têm pouco
controle sobre o que acontece com seus dados.
Singapura é frequentemente criticada por restringir
as liberdades civis e sua população está acostumada a controles rígidos, mas
ainda há um desconforto crescente com tecnologias invasivas.
A ativista de direitos digitais Lee Yi Ting lembra
que os dispositivos são apenas a forma mais recente de vigilância no país.
"Tudo isso aumenta a sensação de que as pessoas
em Singapura devem ser muito mais cuidadosas com o que dizem e fazem do que em
outros países", disse ela em entrevista à agência de notícias AFP.
Mas o governo defendeu o uso de robôs, dizendo que
eles não estavam sendo usados para identificar ou tomar medidas contra os
infratores durante o período de testes, e que eram necessários para lidar com
uma crise de trabalho conforme a população do país envelhece.
"A força de trabalho está realmente
diminuindo", disse Ong Ka Hing, da agência governamental que desenvolveu
os robôs 'Xavier', acrescentando que eles poderiam ajudar a reduzir o número de
policiais necessários para patrulhas a pé.
A ilha de cerca de 5,5 milhões de habitantes tem 90
mil câmeras de vigilância, um número que deve dobrar até 2030, e tecnologia de
reconhecimento facial — que ajuda as autoridades a identificar rostos na
multidão — pode ser instalada em postes de luz em toda a cidade.
Houve uma rara reação pública neste ano, quando as
autoridades admitiram que os dados de rastreamento de coronavírus coletados por
um sistema oficial foram acessados pela polícia. Posteriormente, o governo
aprovou uma legislação para limitar seu uso.
Mas os críticos dizem que as leis da cidade-estado
geralmente impõem poucas limitações à vigilância do governo, e os cingapurianos
têm pouco controle sobre o que acontece com os dados coletados.
"Não há restrições de privacidade sobre o que o
governo pode ou não pode fazer", disse Indulekshmi Rajeswari, advogado de
proteção de dados de Singapura que agora mora na Alemanha.
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